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Com 13% do previsto circulando, nota de R$ 200 corre risco de ‘extinção’

Foto: Raphael Ribeiro/BCB

Lançada com pompa pelo Banco Central (BC) em setembro passado, a nota de 200 reais ainda é, para muitos brasileiros, uma desconhecida. São poucos os que tatearam a cédula e vislumbraram o lobo-guará que estampa a nota. Na ocasião do lançamento, o BC anunciou a disponibilização de 450 milhões de cédulas até o final de 2020. De acordo com dados da instituição, nesta segunda-feira, 18, 57,3 milhões de notas de 200 reais estão em circulação, cerca de 13% do previsto. 

O que explica a extinção do lobo-guará nas mãos dos brasileiros é simples. O Banco Central calculou mal e ignorou seus próprios instintos mais primitivos. Enquanto anunciou com festejos merecidos o Pix, o novo sistema de pagamentos chancelado pela instituição, o Banco Central recorreu à arcaicidade da política monetária em um momento de desespero.

Responsável por garantir liquidez aos mercados e perpetuar os bons fluídos da economia em um momento de crise, o BC calculou o aumento da demanda por papel-moeda, com o advento do auxílio emergencial como arma para o amparo aos mais vulneráveis. Mas a equação passou longe de uma vertente observada de perto pelo próprio Banco Central: a digitalização dos meios de pagamento. “O Banco Central errou. Fizeram o cálculo sobre uma expectativa executada de forma equivocada. É paradoxal investir no Pix ao mesmo tempo em que bota uma nota alta no mercado”, diz Carlos Thadeu de Freitas Gomes, ex-diretor do BC.

Em outubro, o próprio ministro Paulo Guedes avisou que o malcuidado lobo-guará seria extinto em breve. “Essa nota grande, o lobo-guará, foi inventada porque nós tínhamos um problema logístico de pagar as pessoas. As pessoas mais simples não tinham as ferramentas digitais. Tinha que dar o dinheiro físico. E quando dava o dinheiro ele ficava entesourado, ficava em uma comunidade e não saia de lá. Nós tivemos que criar uma nota alta na contramão do mundo”, afirmou ele. “No futuro, vai acabar o lobo-guará”. Se o Brasil quer ver-se no futuro, a extinção (da nota, esteja avisado o Ministério do Meio Ambiente) é flagrante. (Fonte: Veja)