Contrariando o que à primeira vista pode parecer duvidoso para quem deseja abrir um negócio, muitas cidades no interior da Bahia oferecem um cenário positivo para atrair investimentos. Fora da capital baiana e da Região Metropolitana, dez municípios se destacam.
Para a consultora técnica do Sebrae, Taiane Jambeiro, um dos aspectos que coloca a região interiorana nessa posição, é o fator da demanda e oferta. Enquanto na capital, a cartilha de serviços ofertados pelos negócios que atuam no centro urbano é vasta e consegue atender grande parte da procura, no interior, há maior possibilidade de surgirem novas demandas.
Esse foi o caso de Ana Carolina Simas, 24, que abriu um negócio no interior a partir de uma demanda que surgiu dela, mas que se estendia ao resto da população do seu município. Ela foi a primeira da cidade a abrir uma empresa de personalização de fotos Polaroid. A Polaroid Club está no mercado há quase dois anos, começou com um investimento de R$50,00 e hoje já fatura 50 vezes mais.
Como eu era a primeira da cidade, foi uma explosão. Eu busquei outras empresas que trabalham com isso, tabelas de valores, de modelos, porque polaroid você pode colocar legenda, imã de geladeira, estampa, uma infinidade de coisas. Então eu me inspirei nas empresas que faziam isso e decidi investir no meu negócio”, conta Ana.
De acordo com Taiane, “quanto maior a população, maior a chance de se encontrar clientes, mas as cidades menores também têm potencial, porque todo mundo se conhece, e é possível oferecer um serviço mais personalizado, por isso, a chance de fidelizar o cliente é maior, já que na cidade pequena você também consegue trabalhar muito bem a questão da proximidade”, explica a consultora do Sebrae
O que faz de uma cidade o paraíso dos investimentos, de acordo com a consultora, vai além das características mercadológicas, populacionais, sociais, econômicas e de infraestrutura do local .Esses fatores devem ser levados em consideração, mas apenas após a definição do tipo de negócio que será levado para a cidade.
Se o local escolhido atende questões particulares da empresa como: proximidade com a concorrência, formato físico ou online e proximidade com o público alvo (baixa renda ou alta renda), ele é o lugar mais certo para o investimento.
“Por exemplo: se eu precisar fazer um serviço mecânico no meu carro, eu sei que em determinada região da cidade tem uma grande contemplação de empresas desse ramo juntas, então neste caso é bom estar perto da concorrência, porque quando a pessoa buscar aquela referência, ela já sabe onde vai procurar” exemplifica Taiane.
Foi no que Edesio de Souza, de 56 anos, decidiu apostar ao abrir uma loja de autopeças em Irecê, um dos municípios que faz parte da lista de cidades do interior favoráveis para investimentos [confira no box da matéria]. Ele escolheu o local porque, antes de abrir o negócio, era representante comercial de uma distribuidora de autopeças e já tinha conhecimento da prosperidade do setor na região.
“Sou representante desse segmento desde 2000 e tenho a loja de autopeças desde 2018. Esse é um bom ramo na região. O veículo hoje, é na maioria das vezes uma necessidade e a demanda por peças para reparos é muito grande” conta o empresário.