O valenciano Charles Sena não consegue retornar de Israel devido a inoperância do aeroporto de Tel Aviv. Morador de Morro de São Paulo, o professor de futevôlei foi há dois meses para Netanya passar as suas experiências para uma escola dedicada ao esporte e, neste momento, está em meio a guerra entre o país e Hamas, iniciada no último sábado (7). O convite para Sena visitar a cidade surgiu por causa da sua trajetória no esporte. O baiano já foi eleito melhor jogador da Bahia por duas vezes e premiado como campeão estadual em seis edições.
“Eu não tenho como voltar para o Brasil porque os voos foram todos cancelados. A gente tem que esperar normalizar tudo. Ou se a gente for chamado pela Embaixada Brasileira, já que preenchemos o formulário. Liguei hoje e disse que tem duas mil e poucas pessoas na frente. Eles estão dando prioridade a quem está em área de risco”, afirmou ao Atualiza Bahia. Netanya não foi atingida pelos ataques, segundo Charles Sena.
Com o conflito em andamento, a Embaixada do Brasil em Israel tem trabalhado para repatriar os brasileiros no país. Já saíram duas aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) com brasileiros que estavam em Israel. A viagem faz parte da “Operação Voltando em Paz”, do governo federal, que já repatriou 425 pessoas. O segundo pouso ocorreu na madrugada desta quinta-feira (12) no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.
Tensão
Apesar de Netanya não ter sido alvo dos bombardeios entre Israel e Hamas, o baiano tem passado o tempo mais em casa, como forma de se proteger de algum possível ataque. “Até o momento não foi atacada, graças a Deus. É momento de tensão, porque a gente não sabe se a cidade que a gente está pode ser atingida também, bombardeada. Nessa altura do campeonato, acredito que não pode acontecer, porque Israel é um país bem organizado”, ressaltou.
A aproximadamente 32 km de Netanya está Tel Aviv, centro financeiro de Israel, e também recorrentemente atingida por bombas e misseis desde o último sábado (7).
Alarmes são acionados na região quando bombas e misseis são lançados pelo grupo Hamas em direção a Israel. Na última quarta-feira (11), em meio a essa guerra, Rodriguez foi atingido por estilhaços de um objeto, que para ele aparentava ser um míssil. “Fui ferido por estilhaços. Explodiu no ar e o pedaço caiu em mim. Isso me cortou profundamente na região do ombro; eu poderia ter morrido”, citou ao Atualiza Bahia. O objeto atingiu o corpo há poucos centímetros da região da cabeça. O israelense foi atendido pelo irmão, que é médico, e levou pontos na área perfurada.
A guerra entre Israel e o grupo Hamas entrou no 6º dia nesta quinta-feira (12) e já deixou mais de 2,7 mil mortos.
Histórico
O grupo Hamas está sob o comando de Gaza desde 2007, território Palestino. Os conflitos entre territórios vem aumentando mais ainda desde então. Na época, forças do então governo da Autoridade Palestiniana foram violentamente expulsas.
A Palestina possui cerca de 4,5 milhões de habitantes, sendo que a maior parte da população é formada por árabes, que praticam a religião islâmica. Só na Faixa de Gaza, cerca de duas milhões de pessoas vivem; a maioria refugiados.
A ascensão política do Hamas fez Israel impor um bloqueio econômico e de armamentos à Faixa de Gaza. Recentemente, há denúncias de que mercadorias normais, como itens de limpeza e alimentos, são barradas pelas autoridades israelenses.
O ex-embaixador dos EUA em Israel, Martin Indyk, informou ao G1, que a motivação deste conflito foi perturbar um possível acordo entre Arábia Saudita e o governo de Israel. Há rumores que a Arábia Saudita e o governo de Israel estavam negociando para estabelecer relações diplomáticas formais. Os Estados Unidos trabalham ativamente para isso. Caso Israel e a Arábia Saudita se tornem aliados, o Irã, um adversário em comum dos dois, ficará mais isolado.
Atualiza Bahia