Com o protesto dos caminhoneiros contra o preço do diesel, os bloqueios em estradas já estão afetando os postos de combustíveis e outros setores importantes da economia. A produção de carros parou ontem (23) em uma montadora de Minas Gerais. No Sul, a manifestação prejudica frigorífica e a produção de leite. Já faltam produtos hortifrutigranjeiros em alguns supermercados no interior do Paraná. O Mutuípense Luis Carlos jesus Mota, conhecido por Lú, está com dez mil quilos de jaca está “preso” no estado de Minas Gerais, na altura da cidade de Betim, segundo ele se não volta para a estrada a carga será perdida, e que o prejuízo ficará por sua conta, em media 4 mil reais.
São cerca de 115 pontos de bloqueios em mais de 30 rodovias federais e quase 40 estaduais, em oito estados: os três do Sul, três do Centro-Oeste, Minas Gerais e, agora, Bahia.
O maior frigorífico de suínos do Rio Grande do Sul suspendeu a produção hoje. Mil e setecentos funcionários tiveram folga. Outro problema da empresa é abastecer as granjas. Setecentos mil suínos já estão sem ração.
Os bloqueios em várias BRs que passam por Santa Catarina também afetam a economia do estado. Muitos frigoríficos cancelaram os abates de suínos e frangos. Em São Miguel do Oeste, os caminhões já carregados nem saem do pátio. O Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados também suspendeu a coleta de leite no campo.
O protesto prejudica o abastecimento de combustíveis em algumas cidades do interior, na região Sul. Em um dos poucos postos que ainda tem combustível em Arapongas, norte no Paraná, a gasolina subiu muito depois que o protesto começou e mesmo assim, tem fila para abastecer. Pato Branco, que está sem gasolina, também enfrenta desabastecimento em alguns supermercados.
“Começa a ter a falta de produtos principalmente na área de hortifruti, entre outros produtos, num grande geral do mercado, bebidas. Para praticamente tudo”, diz o gerente Zineu Grunaski.
Os aviões de pequeno porte não são abastecidos no aeroporto de Foz do Iguaçu. Os manifestantes bloqueiam pontos da BR-163, principal rodovia de escoamento da safra em Mato Grosso do Sul. Em média, 2,5 mil caminhões transportam soja na região. Os motoristas que dão de cara com o bloqueio na BR-463 estão fazendo um desvio pelo Paraguai.
O congestionamento chegou a 12 quilômetros na BR-040, que liga o Rio a Minas. No bloqueio, perto de Belo Horizonte, os carros de passeio e os ônibus podem passar.
No trecho mineiro da Fernão Dias, tem interdições em Perdões, Oliveira e Igarapé. Tem muita fila de caminhões. Que chega em Betim, onde está difícil seguir viagem. Muitos caminhoneiros concordam com o movimento.
“A gente precisa melhoria porque o óleo diesel ta muito caro, o frete não sobra nada se vai na volta, sobra uma mixaria”, fala o motorista Asauto Mariano do Nascimento.
Em um caminhão, a carga está pingando. São dez mil quilos de jaca que estão estragando por causa do calor.
A fábrica da Fiat em Betim está com a produção parada desde ontem. É que as carretas não chegam para descarregar e os funcionários enfrentam dificuldades no transporte.
A carga de mamão que o motorista José Vieira França transporta do interior da Bahia para São Paulo está com os dias contados.
“O ideal é ele chegar mais verdinho um pouco porque aí tem condição de vender. Se ele chegar mais maduro tem condições só de jogar no mato”, fala José.
O protesto chegou hoje à Bahia, onde há bloqueios em três rodovias federais. Em Feira de Santana, os caminhoneiros tocaram fogo em pneus e interditaram a BR-116 Norte.
No início da tarde, os caminhoneiros fechavam parcialmente a BR-153, na região metropolitana de Goiânia. Eles colocaram fogo num pneu. Ambulâncias e carros de passeio estão liberados para passar. É a primeira vez que a BR-153 foi fechada desde que começaram os protestos. Mídia Bahia com informações do G1