No fim do governo Temer, o Ministério da Saúde deixou de importar um medicamento essencial para o tratamento de cinco tumores raros no Brasil. Sem aviso prévio, a responsabilidade foi passada para os hospitais oncológicos do SUS. Sem recursos para uma compra de emergência, alguns hospitais enfrentam desabastecimento do quimioterápico actinomicina-D, e ao menos 5.000 pacientes correm risco de ter a terapia interrompida. O ofício do ministério tem data de 7 de dezembro, mas, por conta das festas de fim de ano e da mudança nos governos estaduais, muitas instituições só souberam da decisão no início deste mês. “Muita gente nem recebeu o comunicado oficial, ficou sabendo pelas comunidades médicas. Mesmo que hospitais queiram comprar neste momento, tem a burocracia envolvida na importação, que pode levar seis meses”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica, Cláudio Galvão de Castro Júnior. Ainda em dezembro, no dia 20, Vilela encaminhou um ofício ao Ministério da Saúde sugerindo que a pasta estabelecesse um cronograma de transição, mas não teve reposta nem da gestão anterior e nem da atual. “É uma situação muito preocupante, pegou todo mundo de surpresa. Isso foi feito de forma brusca unilateral, sem nenhum diálogo”, conclui.