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Com diagnóstico tardio, o câncer de mama em homens exige tratamento mais radical; veja o que diz médico

O câncer de mama é comumente interpretado como uma doença feminina, mas apesar da raridade os homens podem sim ser vítimas da anomalia. A incidência, de acordo com o coordenador de mastologia do Hospital da Mulher, André Dias, é de um homem doente a cada 100 casos de câncer de mama. O tratamento cirúrgico também é diferente entre homem e mulheres.

O especialista aponta que eles passam por procedimentos mais radicais do que elas, a exemplo da mastectomia total. Neste final de semana o governador da Bahia Rui Costa (PT) foi submetido a um procedimento de retirada bilateral das duas glândulas mamárias, chamada tecnicamente de adeno mastectomia, para retirada de nódulos. No caso de Rui, foi descartada a malignidade. “Se fosse câncer, não tiraria só a glândula que está embaixo da pele, tiraria tudo. Pele, mamilo, bico, tudo mais”, disse o profissional sobre o caso do petista.

A infrequência da doença é tão grande que não existem campanhas e nem exames de rastreamento de câncer de mama para os homens. Por esse motivo, de acordo com André Dias, os casos acabam sendo descobertos de maneira mais tardia. Enquanto nas mulheres, através de movimentos como o Outubro Rosa, é possível cada vez mais diagnosticar a doença nos seu estágio inicial e com isso aumentar a probabilidade de cura, nos homens essa possibilidade é remota. “Não existe argumentação razoável em fazer rotina de rastreamento com os homens, porque é um evento extremamente raro”, explicou o mastologista. “Por esse motivo, inclusive, quando ocorrem diagnósticos em homem, como não se faz avaliação de rastreio, esse diagnóstico é dado em estágios um pouco mais avançados”, acrescentou André. O médico ainda ponderou que na maioria dos casos os homens descobrem a doença quando o câncer já se tornou um nódulo, ou quando já há um ferimento na pele, na mama, auréola, mamilo, ou ainda quando há um sangramento.

Ainda assim, existem semelhanças com os casos de mulheres. De acordo com o médico, o comportamento clínico e tratamento da doença também não diferem com base no sexo. “Ele vai ter a mesma evolução natural, da metástase, para os mesmo órgãos de rotina, que são o pulmão, cérebro, fígado e ossos. Os tipos histológicos, ou seja, os tipos de câncer, são os mesmos, alguns mais graves outros menos, e também a porcentagem em que essas diferenças ocorrem. As respostas aos remédios, quimioterapia, radioterapia, hormônioterapia são as mesmas”, descreveu o mastologista.

O fator genético, que contribui com a incidência da maioria dos cânceres, tem uma característica curiosa quando se trata de câncer de mama em homens. Mesmo se mulheres de uma família tiverem casos da doença, ainda assim é raro que um homem daquela mesma família venha a desenvolver a doença. Entretanto, se um homem for diagnosticado com a anomalia, há grandes chances de outras pessoas da família, especialmente as mulheres, desenvolverem a doença. Bahia Notícias