Depois de iniciar os negócios em baixa, o dólar ganhou força e chega a passar dos R$ 3,40 pela primeira vez em 12 anos nesta terça-feira (28), em meio a preocupações com a situação fiscal brasileira e à expectativa de alta dos juros norte-americanos. Por volta das 12h40, a moeda norte-americana avançava 0,76%, a R$ 3,3898 na venda. Perto do meio-dia, chegou a ser vendido a R$ 3,4058, maior nível intradia desde 27 de março de 2003, quando foi a R$ 3,4230. Pela manhã, a moeda chegou a cair 0,6% na mínima da sessão, a R$ 3,3438, após acumular alta de 6% nas últimas quatro sessões. “A verdade é que o dólar não tem motivo para cair. Qualquer queda vai ser um alívio temporário”, disse a operadora de um banco nacional. Investidores têm demonstrado preocupação com a possibilidade de o Brasil perder seu grau de investimento, após cortes nas metas fiscais do governo deste e dos próximos anos surpreenderem e decepcionarem os mercados financeiros. Outro fator importante para os próximos passos do dólar é a reunião do Federal Reserve, banco central norte-americano, que termina na quarta-feira. Sinalizações de que o Fed caminha para elevar os juros ainda neste ano podem servir de gatilho para a moeda norte-americana dar mais um salto, afirmaram operadores, uma vez que o aperto monetário pode atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados no Brasil. “A trajetória do dólar é de volatilidade no curto e no médio prazo”, disse o operador da corretora SLW João Paulo de Gracia Correa, para quem a moeda deve ultrapassar 3,40 reais no curto prazo. O atual momento do mercado de câmbio também fez investidores redobrarem a atenção sobre a intervenção do Banco Central, já que a valorização da moeda norte-americana tende a pressionar a inflação ao encarecer importados. O sinal mais imediato será o anúncio da rolagem dos swaps cambiais que vencem em setembro, equivalentes a venda futura de dólares.
Nos últimos meses, o BC tem feito rolagens parciais e caminha para repor cerca de 60% do lote de agosto, equivalente a 10,675 bilhões de dólares. Operadores têm afirmado que, se mantiver essa proporção para o lote de setembro, o BC sinalizaria que está confortável com o avanço da moeda norte-americana. Mais tarde, o BC dará continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em agosto, com oferta de até 6 mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares.
Véspera: Na segunda, o dólar avançou pela quarta sessão seguida, renovando a máxima em mais de 12 anos, pressionado pela apreensão dos investidores com as perspectivas fiscais do Brasil e pelo forte tombo da bolsa chinesa. Foi a maior cotação desde o dia 28 de março de 2003, quando o dólar encerrou a sessão a R$ 3,3757. Na máxima do dia, a moeda norte-americana subiu 1,06%, a R$ 3,38, maior nível para o dia desde 31 de março de 2003, quando foi a R$ 3,39, segundo a Reuters. No mês de julho, o dólar acumula alta de 8,2%. Em 2015, a moeda avançou 26% até esta segunda-feira.