Um relatório recente do Ministério da Saúde mostrou que mais de 1,5 milhão de pessoas deixou de tomar a segunda dose das vacinas contra a Covid-19 no país. A ausência pode ter relação com eventuais dúvidas suscitadas em relação ao intervalo entre as doses dos diferentes imunizantes administrados no país.
Um novo estudo determinou que a vacina Coronavac pode ser ainda mais eficaz se tomada em um intervalo de até 28 dias, diferentemente do período de até 21 dias que era recomendado anteriormente.
Da mesma forma, questiona-se sobre a segunda dose da vacina Oxford-AstraZeneca, já que, com intervalo bem maior recomendado entre as doses – de até 12 semanas –, pode se perder de vista quando o imunizante deve ser aplicado novamente.
Para esclarecer questões sobre a segunda dose, a CNN questionou especialistas sobre as dúvidas mais recorrentes.
-
Quem deve tomar as duas doses das vacinas Coronavac e Oxford-AstraZeneca?
Ambas as vacinas estão autorizadas para pessoas com idade a partir de 18 anos e que pertençam aos grupos prioritários para vacinação. É preciso respeitar o cronograma de vacinação indicado pelas autoridades de saúde de sua cidade.
-
Qual o prazo indicado para tomar as duas doses das vacinas Coronavac e Oxford-AstraZeneca?
Coronavac: o esquema vacinal completo é composto por duas doses. Conforme os estudos clínicos e a indicação na bula, o intervalo entre a primeira e a segunda deve ser de 14 a 28 dias para aplicação da segunda dose. Após a aplicação da primeira dose, a pessoa será informada, no local, sobre a data de retorno.
AstraZeneca: o esquema vacinal é composto por duas doses. A segunda dose deve ser administrada 12 semanas após a primeira.
-
Após tomar a vacina, em quanto tempo estarei protegido?
Coronavac: são necessárias ao menos duas semanas para que seja obtida uma resposta imune (proteção) adequada. Sendo assim, algumas pessoas podem ainda desenvolver a doença ou a infecção mesmo tendo sido vacinadas, mas poderão ter uma forma menos grave, segundo o Instituto Butantan.
AstraZeneca: estudos indicaram que a primeira dose tem eficácia de até 70% contra o coronavírus nos primeiros três meses, quando se dá a necessidade de tomar a segunda dose para garantir a mesma proteção.
-
O que acontece se eu não tomar as duas doses das vacinas Coronavac e Oxford-AstraZeneca?
Você pode não adquirir imunidade contra a Covid-19. O esquema de todas as vacinas contra a Covid-19 que estão sendo desenvolvidas e já foram aprovadas, exceto a da Janssen, é de duas doses. Isso significa que, de acordo com os estudos divulgados, a eficácia prometida só será entregue após as pessoas tomarem a segunda dose da vacina. A recomendação vale para os imunizantes Coronavac e Oxford-AstraZeneca, segundo Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
-
Por que é necessário tomar as duas doses das vacinas Coronavac e Oxford-AstraZeneca?
Para garantir a imunidade contra a Covid-19. No caso da vacina Oxford-AstraZeneca, a primeira dose oferece uma proteção em torno de 70% por pelo menos três meses. Depois essa proteção cai, segundo os pesquisadores que a criaram. Por isso a necessidade da segunda dose para reforçar. Já a Coronavac não tem o dado de eficácia de apenas uma dose, ou seja, não se sabe o quanto o indivíduo fica protegido, porque os estudos foram feitos com intervalo muito curto entre a primeira e a segunda dose, explica Kfouri.
-
Posso tomar a segunda dose mesmo se eu perder o prazo?
Sim. Mas recomenda-se seguir o intervalo estipulado pelos fabricantes de cada imunizante para garantir a eficácia esperada e documentada nos estudos. Para quem perdeu o prazo da segunda dose, não é recomendado reiniciar o esquema, ou seja, começar do zero e tomar de novo a primeira dose. Basta ir ao posto de saúde com o cartão vacinal que comprova a aplicação da primeira dose e pedir a segunda dose. Isso vale para ambas as vacinas.
-
O que acontece se tomar a segunda dose em um intervalo menor que o recomendado?
A dose deverá ser desconsiderada, e outra deve ser aplicada no intervalo correto, segundo a SBIm.
-
Posso tomar vacina de fabricantes diferentes?
Não é recomendado pelos próprios fabricantes, porque não há nenhum dado de intercambialidade de produtos. Ou seja, caso uma pessoa tome vacinas de produtores diferentes, não se sabe se ela estará segura nem se irá garantir a imunidade necessária para evitar formas graves da Covid-19. Por isso, recomenda-se ter o documento de vacinação em mãos para saber que dose você tomou e aplicar a mesma vacina.
-
O que acontece se eu tomar vacinas diferentes?
A SBIm orienta que os esquemas de vacinação devam ser completados com a mesma vacina. No caso de pessoas vacinadas com dois imunizantes diferentes, a orientação do Ministério da Saúde é informar no “e-SUS Notifica” que houve erro de notificação e acompanhar possíveis eventos adversos e episódios de falha vacinal.
Segundo o Ministério da Saúde, quem tomar vacinas diferentes não pode ser considerado devidamente imunizado. A pasta também informa que, no momento, não é recomendada a administração de doses adicionais de vacinas Covid-19.
-
Posso tomar a vacina em postos diferentes?
Sim. Se estiver em deslocamento, é possível tomar em outro local, pois o registro do Programa Nacional de Imunizações (PNI) é eletrônico. O importante é receber uma vacina da mesma marca para garantir o sucesso da imunização, segundo a SBIm.
-
Posso tomar a CoronaVac ou a vacina de Oxford logo após receber a vacina contra a gripe?
Não pode. A recomendação atual é a de que seja respeitado um intervalo de no mínimo 14 dias entre a administração da vacina Covid-19 e outras vacinas. Se, por engano, este intervalo não for cumprido, a secretaria de saúde do município deve ser notificada, pois trata-se de erro de imunização.
-
Quais cuidados devo tomar no intervalo das duas doses?
É importante manter as medidas de prevenção contra a Covid-19 tomando uma ou duas doses da vacina, segundo especialistas. E isso significa manter o uso de máscara, a higienização das mãos com água e sabão ou álcool gel, e manter o distanciamento social.