Mais uma fronteira de investigação inadiável precisa ser desbravada com a descoberta de medicamentos desperdiçados na gestão Jair Bolsonaro, repercutindo em dor e, possivelmente, óbitos de cidadãs e cidadãos. A rotineira hipótese de genocídio, quando ocorre extermínio, parcial ou total, de uma comunidade, volta à baila, dado o teor de absurdo no caso de negligência ou planejamento em culto à morte via terror de Estado. Não bastasse a perda de remédios para tratar doenças raras, muitos adquiridos após sentenças judiciais, seria temer errar quantas vidas seriam salvas não fossem inutilizadas 39 milhões de doses para conter a Sars-cov-2. Em moeda corrente, o prejuízo monta a R$ 13,5 milhões, cotação inferior, mas nem tanto, ao colar de joias árabes presenteado à ex-primeira-dama Michelle. Tendo em vista a desumanidade de permitir-se desassistência a grupos de pessoas acometidas de enfermidades degenerativas, devem mesmo defender-se os ex-ministros, como fizeram Luiz Henrique Mandetta e Marcelo Queiroga.
Não seguiu estes bons exemplos, no entanto, assumindo eloquência de silêncio marrento, o militar do Exército e deputado federal Eduardo Pazuello, rejeitando oportunidade de contribuir com a elucidação do crime em tela. Entre encubação e posse, foram 400 dias do especialista em logística, contracenando bazófia com o ex-presidente, a quem jurava obediência, divertindo-se sem envernizar a cara, ao liberar cloroquina para tratar Covid-19. O rechonchudo deboche, simultâneo à quebra de recorde mundial de 4 mil e 200 mortes em um só dia, teve como agravante deliberada negativa de oxigênio para pacientes do Amazonas, em omissão similar a de um nazista contra judeus. São do povo o clamor às atuais autoridades legitimadas pelo voto direto, em alento de apurar com rigor, quem vai assinar este flagrante delito, como ferramenta didática a fim de inibir estupidezes reincidentes com este grau de crueldade no Brasil. (A TARDE)