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Jornalista lança livro sobre soldados baianos em batalhas históricas

Em comemoração aos 93 anos de fundação da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), aos 188 anos da Revolta dos Malês e aos 200 anos da Independência da Bahia no Brasil, o jornalista e escritor baiano Jolivaldo Freitas lançará, nesta quinta-feira (24), a partir das 17h30, na sede da ABI (praça da Sé), o romance histórico A Peleja dos Zuavos Baianos contra Dom Pedro, os Gaúchos e o Satanás editado pela Fundação Pedro Calmon. “A ideia do livro é chamar a atenção para um grupo de negros baianos que se alistou voluntariamente para lutar na Guerra do Paraguai, tiveram promessas de benesses na volta e terminaram esquecidos. Embora Dom Pedro buscasse cumprir o prometido, problemas de ingerência política do império o impediram”, conta Jolivaldo.

O autor diz, ainda, que a obra também tem como objetivo traçar aquilo que hoje se chama de baianidade, com a identificação e convergência de todas as culturas que moldaram a Bahia: indígena, europeia e africana. “Outro caráter foi mostrar, a partir da aventura, a cultura e geografia do Recôncavo, da Cidade da Bahia (capital) e região ribeirinha do São Francisco, notadamente a do oeste da Bahia”, complementa o jornalista.

Jolivaldo explica que o termo ‘zuavo’ deriva das unidades de infantaria ligeira do exército francês e que os baianos formaram um batalhão aos moldes dos zuavos da Argélia, que no século XIX lutavam ao lado do exército da França. “O batalhão daqui foi uma ideia de um negro baiano que lutou pelas independências da Bahia (Quirino do Espírito Santo). Tanto que as vestimentas deles eram iguais às dos argelinos: bombachas vermelhas, parte de cima (gandola) azul com detalhes em dourado e gorro de lã vermelha, dentre outros detalhes únicos no Exército do Brasil”, comenta Freitas.

Ficção e realidade

Em um misto de drama, humor, realismo, fantasia e registro histórico, o livro quer também trazer à tona o resgate de histórias esquecidas, bem como a luta dos afrodescendentes brasileiros por liberdade, direitos e reconhecimento em uma sociedade historicamente marcada pela desigualdade. “É um romance histórico que mistura realidade e ficção. Aventura, humor, drama e danação. Parece até que a ficção quando chega nos tempos atuais, ganha realidade”, observa Jolivaldo. E embora contenha fatos baseados nos combates baianos travados naquela época, a trama é romanceada e cheia de reviravoltas. O autor entrelaça a história com elementos mágicos, mitológicos e trata de temas como identidade, liberdade, coragem e resistência. 

Mas o livro também faz referência aos habitantes do sul do País. “Os gaúchos a que me refiro são aqueles homens que habitavam os pampas, as fronteiras do Paraguai e do Uruguai com o Brasil e que emprestaram o ‘apelido’ para os sulistas brasileiros”, destrincha o autor. Com 17 livros escritos – sendo  dois romances – e apaixonado pela cultura e história baianas, o escritor revela ainda que sempre tenta encontrar algum ponto em que possa valorizar, com leveza, temas, encantos e mistérios  desta terra. Que pretende evidenciar o jeito de ser do baiano, e que os zuavos foram um achado. “Eu pesquisava para um dos livros e achei apenas uma frase, que me levou à pesquisa com dificuldades e que gerou o romance”, arremata Jolivaldo.

Negligência oficial

Na trama de A Peleja… os soldados baianos, que participaram de batalhas importantes como a de Tuiuti, enxergaram na oportunidade uma chance de conseguir liberdade. E juntamente com outras tropas brasileiras, enfrentaram inúmeras dificuldades ao longo da guerra, como doenças, fome e condições precárias no campo de batalha. 

Contudo, e ainda segundo o autor, a participação dos zuavos baianos é frequentemente desprezada ou esquecida pela história oficial do Brasil, apesar da dedicação dos combatentes à causa nacional.

“A história negligenciou uma vez que os escritos de época priorizam a participação sulista e dos soldados do sudoeste do Brasil. Os zuavos passaram batidos, embora tivessem se destacado nas batalhas. Os historiadores estiveram desatentos para o fato que, espero, chame a atenção a partir de agora”, manda o recado, o escritor. (A Tarde)