Foto: Reprodução/Tedros Ghebreyesus – Diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS)
Já passados seis meses do início da crise do coronavírus, com mais de 100 dias de isolamento social no Brasil, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que o mundo está ainda distante de ver o final da pandemia e que a atual crise política, falta de unidade nacional e divisão global estão aprofundando o caos. “A dura realidade é que não está nem perto de acabar”, afirmou Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. Segundo ele, se o mundo continuar dividido e não houver união nacional, “o pior está ainda por vir”.
“Lamentamos dizer isso. Mas tememos o pior com esse tipo de condições”, disse.
“Globalmente, a pandemia se acelera. Todos estamos nessa juntos. E por um longo tempo”, disse. “Vamos precisar de mais paciência, resiliência e humildade”, disse.
Para Tedros, esse é o momento de “liderança moral e política”. “Perdemos muito. Mas não podemos perder esperança”, disse.
No dia 31 de dezembro de 2019, a agência receberia o primeiro alerta oficial de um surto na China. Um mês depois, a emergência global seria declarada, quando existiam apenas doze casos fora da China.
Hoje, são 10 milhões de infectados e mais de 500 mil mortes. Mas a maior preocupação da OMS é a alta no número de casos em países que, depois de obter um certo controle da doença, voltaram a registrar importantes aumentos de novas infecções.
No Brasil, são 1,3 milhão de casos e 57 mil mortes. Nos últimos 30 dias, o país foi o local que mais registrou novos casos no mundo. Em média, nos últimos dias, 20% de novos infectados no mundo estão no Brasil.
Guerra política
Sem citar nomes, Tedros criticou governos e lideranças que têm “politizado” a pandemia e insistiu que o vírus pode ser barrado, mesmo sem a vacina. Para isso, porém, governos precisam investir em testes, isolamento e rastreamento de casos.
“Há como parar o vírus”, disse. “O governo precisa assumir sua responsabilidade e a comunidade precisa fazer seu papel”, afirmou.
Na avaliação de Tedros, a Coreia do Sul é um exemplo de um país que conseguiu, sem a vacina, romper a cadeia de contaminação. (Correio)