Mais que sintomas físicos, a pandemia de covid-19 trouxe uma série de sintomas psíquicos e emocionais, acentuando situações de estresse, ansiedade e depressão, fazendo com que as pessoas procrastinem suas obrigações. A psicóloga Isabella Barreto esclarece que a procrastinação pode ser entendida como um comportamento de fuga em relação a um confronto, seja com um compromisso, um evento de lazer, com atividades da vida diária, cuidados pessoais, situações da realidade. “É como se convencêssemos a nós mesmos de que o esforço a ser empenhado não é justificado, tendo em vista que um dia tudo acaba, e também a sensação de ausência de prazer que impulsiona ou sustenta o comportamento para realizar a ação”, diz.
Ela complementa, destacando que, a partir dessa percepção os objetivos, as tarefas, os deveres, os encontros, os compromissos da vida passam a não valer a energia que será gasta para realizar, resultando em adiamentos e frustrações. “Em consequência de um comportamento em que o sujeito evita realizar as tarefas ou os compromissos quando procrastina, vem a culpa, ansiedade, estresse, o comprometimento da auto estima, além de comprometer muitas vezes de forma importante, a vida funcional do sujeito”, explica.
Carmen Rezende, que também atua com psicologia clínica, salienta que as pessoas não procrastinam porque são preguiçosas. “Muitos estudos indicam que a procrastinação é uma estratégia do nosso cérebro de sobrevivência focada nas emoções. É relacionado à gestão das emoções”, afirma, destacando que se a pessoa já exerce uma rotina de “briga” em não adiar as suas tarefas, os isolamentos “forçados” pioraram o problema.
Superação
Para conseguir superar os comportamentos procrastinadores, Carmen diz que é importante que a pessoa esteja atenta às emoções sentidas quando precisa iniciar ou se programar para iniciar certas atividades.
Outra dica importante é apenas começar e estabelecer um objetivo realístico. “Pense pequeno ao invés de grande, e escolha um objetivo minimamente aceitável ao invés de um objetivo ideal. Foque em um (e apenas um!) objetivo por vez”, ensina.
“Seja realístico (ao invés de desejoso) sobre o tempo. Pergunte a si mesmo:
Quanto tempo a tarefa vai realmente tomar? Temos a tendência de subestimar o tempo e aí nos “enrolamos” e “travamos” quando percebemos que estimamos errado”, complementa.
Isabella sugere dar uma atenção maior às justificativas dadas a si mesmo, além de fazer uma agenda de compromissos, classificando prioridades e tendo cuidado para não colocar grande quantidade de tarefas. “No cotidiano, é sempre bom começar sempre pelos compromissos ou demandas que são mais simples, ao se perceber em um momento de distração sobre uma atividade a realizar, voltar a atenção para o objetivo”, orienta.
Isabella lembra que é importante ter momentos de pausa que sejam produtivos, além de criar e aplicar estratégias de sinalização para cumprimento dos compromissos, aceitar colaboração e fazer junto. “Sempre que for necessário, fale sobre as dificuldades em sair desse comportamento, buscar ajuda é importante e faz parte do processo de superar a procrastinação”, finaliza.
SEM ADIAMENTOS
1. Faça uma agenda de tarefas por ordem de importância;
2. Estabeleça metas realistas e pequenas;
3. Comece pelo mais simples e só depois vá para o mais complexo;
4. Faça pausas durante o trabalho para ampliar a atenção;
5. Defina o tempo dedicado a cada atividade da rotina;
6. Aceite ajuda para realizar as tarefas;
7. Se perceber que não consegue superar a procrastinação só, busque ajuda profissional.
Fonte: Correio24horas