Familiares das vítimas da explosão da fábrica de fogos de artifício, ocorrida em 1998, no município de Santo Antônio de Jesus (a 185 km de Salvador), no Recôncavo baiano, vão às ruas nesta quinta-feira, 11, a partir das 7h30, em protesto pelo não cumprimento da indenização determinada pela Justiça por parte dos réus, os donos da fábrica, dezesseis anos depois da tragédia. “Até hoje, continuamos na luta. Nenhuma das parcelas foi paga”, lamentou Maria Balbina dos Santos, coordenadora do Movimento 11 de Dezembro, que reúne parentes das vítimas.
Os membros do Movimento 11 de Dezembro saem em caminhada pelas ruas da cidade pedindo por justiça no dia em que a tragédia completa 16 anos. Segundo Manoel Missionário, um dos coordenadores do Movimento, a saída é da sede da Creche 11 de Dezembro e esta é a 16ª realizada. “É uma caminhada pedindo celeridade no pagamento das indenizações. A caminhada segue até a Praça Renato Machado, no centro da cidade. O encerramento será com o Pai Nosso. Nosso objetivo é abordar o tema ‘a paz é fruto da justiça. Enquanto houver impunidade, a violência vai aumentar. Porque se faz e nada acontece e esse é o sentimento de algumas pessoas, de ficar impune. É uma impunidade a nível nacional, estadual e no município”, lamentou.
De acordo com Missionário, até esta quarta-feira, 10,, o que se tem de concreto é a pensão de um salário mínimo pago pelo Exército brasileiro às crianças órfãs. “De 2006 até hoje, paga-se um salário mínimo por vítima. Eram 35 crianças, mas muitos já estão acima de 18 anos , outras morreram. Além da Creche 11 de Dezembro, que mantém 85 crianças, com cursos de corte e costura para 35 mulheres, curso de música, E isso é o que temos feito para ajudar”, ressaltou o coordenador do Movimento 11 de dezembro.
O promotor de Justiça, Valdemar Ferraz, que está à frente do caso, informou que o processo está em fase de execução, já que nenhuma parcela do acordo foi paga. “Nessa fase o Ministério Público indicou bens a penhora, que deverão ser vendidos para pagamento das indenizações”, explicou. O promotor revelou que levou 30 dias para levantar informações sobre os bens dos réus e conseguiu localizar fazendas em Santo Antônio de Jesus, Muniz Ferreira e Teolândia. “Em Santo Antônio de Jesus imóveis urbanos e a própria Fazenda Joeirana, onde ocorreu a explosão; em Muniz Ferreira e Teolândia imóveis rurais”, ressaltou. O promotor informou que o valor da indenização era de R$ 1,380 milhão. Porém, com a falta do pagamento, mesmo parcelado, hoje chega aproximadamente a R$ 2 milhões. (Infosaj)