Durante um evento no Reino Unido, a pesquisadora Sarah Gilbert, responsável pelo desenvolvimento da vacina de Oxford contra o coronavírus, afirmou que a próxima pandemia mundial pode ser do vírus Nipah.
Com mortalidade de cerca de 50%, o vírus passa para humanos pelo contato com porcos infectados ou frutas contaminadas com urina e fezes de morcegos. Os primeiros sintomas são febre, dor de cabeça e problemas respiratórios, mas o quadro pode evoluir para inchaço do cérebro e deixar o paciente em coma ou levar à morte.
Segundo a cientista, caso o Nipah evolua o suficiente para se disseminar com maior eficiência (como aconteceu com o coronavírus, por exemplo), ele pode causar uma nova pandemia muito mais letal do que a do Sars-CoV-2. Gilbert explica ainda que não existe, até o momento, nenhuma vacina contra os vírus que causam inchaço no cérebro.
Antes dos primeiros casos de Covid-19, a pesquisadora trabalhava na criação de imunizantes contra o Nipah, a febre de Lassa e o coronavírus responsável pela Mers. O desenvolvimento foi pausado para dar preferência à vacina contra o Sars-CoV-2.
“Aprendemos que em uma pandemia podemos fazer tudo mais rápido e melhor, e queremos aplicar essas lições, mas precisamos de financiamento. Temos que ter estoques de vacinas contra os patógenos que já conhecemos. Imagine se tivermos, de repente, um grande surto de Nipah que se espalhe ao redor do mundo?”, questiona. De acordo com Gilbert, o imunizante ainda está longe de ficar pronto.
O vírus Nipah está no topo da lista da Organização Mundial de Saúde (OMS) de prioridades para pesquisa e desenvolvimento de imunizantes. O último surto aconteceu neste ano na Índia, após a morte de um adolescente de 12 anos. (Recôncavo no ar)